Em 2050, a população do planeta deve atingir 9,8 bilhões de pessoas, com quase 70% delas vivendo em cidades, segundo projeta o Conselho do Futuro Global de Cidades e Urbanização, integrante do Forum Econômico Mundial. Embora gerem a maior parte do PIB de um país (80% em média), os centros urbanos também produzem, por exemplo, 75% de CO2. Então, qual será o principal desafio desse novo contexto? Adotar plenamente inovação e tecnologia para impulsionar a produção urbana (as chamadas cidades inteligentes) e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ambientais, evitando o esgotamento de recursos naturais.
Mas o caminho parece difícil: mais de uma década após cidades terem testado projetos sustentáveis de inteligência, pesquisadores do conselho constataram que a grande maioria não avançou além dos planos pilotos, gerando poucos resultados concretos. Para avançar nesse processo, o conselho defende que as medidas a serem adotadas devem se concentrar na inovação e na orientação com vistas ao futuro, capazes de gerar impactos sociais, ambientais e econômicos positivos. Para isso é necessário, porém, atuar de forma ágil e inteligente em áreas como governança, tecnologia, modelos de negócios e finanças.
No recente Forum sobre Cidades do Futuro, promovido pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) em parceria com o Fórum Econômico Mundial, destacou-se um tema: a importância da adoção da Inteligência Artificial (IA), capaz de gerar mudanças constantes e cada vez maiores no ambiente urbano. Baseadas em computadores sofisticados e algoritmos capazes de fornecer dados massivos, as cidades poderão tomar decisões baseadas em melhores informações, o que vem sendo chamado de Inteligência Urbana (IU).
Já um estudo da consultoria Skidmore, Owings and Merrill (SOM), divulgado pela National Geographic americana, especifica várias áreas que exigirão medidas para um futuro urbano sustentável. Adotar a defesa da ecologia, por exemplo, garantirá os recursos e os sistemas naturais que cercam uma cidade, como proteger as reservas responsáveis pelo fornecimento de água. E criar sistemas que recolham e purifiquem as águas da chuva, como jardins absorventes e depósitos, permitirá sua reutilização.
A energia terá de ser totalmente renovável, tornando as cidades autossuficientes em sua geração e distribuição, o que inclui o reaproveitamento de lixo e outros materiais, hoje acumulados em depósitos a sol aberto sem nenhuma utilidade. E para garantir uma boa alimentação, o estudo propõe que as cidades do futuro devam ser o local de produção de alimentos, sem a necessidade de buscá-los a longas distâncias.
Outro grande desafio será facilitar a mobilidade urbana, hoje sufocada por congestionamentos de automóveis (muitas vezes com um só ocupante). O transporte público deve ser priorizado, com a adoção de novas tecnologias como os micro-ônibus autônomos, circulando sem motoristas em faixas exclusivas e eliminando riscos de atropelamentos. A futura mobilidade urbana também dependerá de um novo conceito de cidade, que mescle todas as atividades, fazendo com que o trabalho não mais se separe da moradia ou do comércio, o que evita que as pessoas façam longos deslocamentos apenas para chegar ao emprego.
Em resumo, as cidades do futuro deverão unir novas tecnologias com projetos que melhorem a qualidade de vida humana, incorporando a natureza ao cenário urbano.
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