Maior cidade da Escócia e a terceira mais populosa do Reino Unido, após Londres e Birmingham, Glasgow agora quer oferecer a seus quase 600 mil habitantes um futuro melhor, baseado na economia circular – alternativa que oferece novo conceito de crescimento para gerar benefícios a todo mundo, o que implica em dissociar a atividade econômica do consumo de recursos finitos. Para aproveitar ao máximo os resíduos, por meio do reuso, remanufatura e reciclagem (métodos básicos da economia circular), uma série de problemas terá de ser enfrentada: anualmente, os lares da cidade despejam 566 mil toneladas de lixo alimentar, seu sistema de transportes é responsável por 32% de todas as emissões de CO2 e o setor de construção civil gera metade de todo o lixo no país, entre outros desafios.
Coordenada pela Câmara do Comércio de Glasgow, a implantação da economia circular atenderá a sete princípios básicos:
Priorizar o uso de recursos regenerativos e não tóxicos;
Adotar nos processos de design futuro o uso de materiais de longa duração;
Preservar e garantir recursos já existentes, estendendo sua duração com estratégias adequadas;
Repensar modelos de negócios que gerem maior valor e proporcionem interação entre produtos e serviços;
Empregar a tecnologia digital para fortalecer as conexões entre redes de fornecedores;
Recuperar lixo com reuso e reciclagem;
Fazer com que serviços públicos e privados ajam de forma conjunta para aumentar transparência e valores.
A meta de se tornar uma das primeiras “cidades circulares” do planeta nasceu em 2015, quando Glasgow patrocinou a pesquisa Circle City Scan, para mapear o fluxo completo de recursos – do consumo até o descarte – elegendo então três setores mais propensos a adotar a economia circular: saúde, educação e manufatura (ver foto). No caso desta última, vários projetos piloto foram adotados nesse período, como, por exemplo, produzir cerveja a partir de restos de pão que, em vez de simplesmente irem para o lixo, são recolhidos, moídos e misturados à cevada, gerando uma das bebidas preferidas dos escoceses.
Nesta nova fase, mais ambiciosa, a Câmara do Comércio já abriu parcerias diretas com mais de 650 empresas locais de vários setores, apoiando a adoção de métodos circulares de gestão. Para isso, oferece avaliação de metodologias de economia circular eventualmente já adotadas e orientação de como implementá-las de maneira mais eficiente.
O caminho, porém, ainda é longo: segundo constata o Circularity Gap Report 2019, apenas 9% da economia global é circular. Para não desanimar, há muito potencial: a economia circular pode gerar em todo planeta até 4,5 trilhões de dólares em oportunidades, sobretudo nos setores de mobilidade, alimentação e construção. Ou seja, não se trata de adotar políticas apenas por razões humanistas, como também de gerar riqueza de maneira mais preservadora do planeta.
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