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Holanda, onde tecidos circulam e duram mais



Qual é uma das mais poluidoras indústrias do mundo? A de tecidos, consumidora de larga escala de água, produtos químicos e energia, o que resulta em poluição, desperdício e resíduos. E 2/3 desse impacto ambiental surge na fase de produção de tecidos. Além disso, em muitos países a indústria de tecidos, responsável por 5% das emissões poluidoras no planeta, ainda trata seus funcionários de maneira abusiva ou antiética.


Segunda pergunta: como superar esse problema? Um exemplo vem da Holanda, que adotou a economia circular na área de tecidos, com apoio governamental. Priorizando reutilização e reparo como estratégias-chave para redirecionar os têxteis dos aterros sanitários e colocá-los de volta no uso ativo, hoje cerca de 80% deles são reaproveitados, após reparos e manutenção, circulando várias vezes entre compradores. Como resultado, os empregos nessa área cresceram 25% em comparação com 1990, gerando 25 mil novas vagas.


Recente estudo da Circle Economy sobre o chamado de “tecido circular” aponta quais são os três cenários circulares necessários para a adoção dessa nova prática: mudança nos padrões de consumo, priorização da reutilização e reparos, e aprimoramento da reciclagem de têxteis para têxteis. Para isso, porém, será necessário preencher as atuais lacunas com as devidas competências, além de requalificar os funcionários com novas carreiras, que vão de designers de manufatura a assessores treinados para vender coleções refeitas, entre outras funções.

Essencial na economia global, a indústria de tecidos fatura anualmente cerca de 3 trilhões de dólares. E mais da metade vem de confecções. Estudo da Fundação Ellen MacArthur constatou que a indústria da roupa dobrou sua produção nos últimos 15 anos e pode triplicá-la até 2050, se o tecido circular for adotado por mais países.


Reciclar várias vezes


No caso da Holanda, a meta é atingir a economia totalmente circular até 2050, evitando qualquer desperdício, com todo tipo de material sendo reutilizado. Várias empresas já estão investindo no setor de tecidos como, por exemplo, a Dutch Awearness, que se concentrou em um design circular, desenvolvendo seu material Infinity, capaz de ser reciclado até oito vezes, além de criar um sistema para mapear a trajetória das matérias-primas e garantir sua procedência.


Os desafios são grandes. Progredir para um setor totalmente circular, que cumpra padrões ambientais e sociais, vai exigir que os aspectos de todos os três cenários citados pelo estudo da Circle Economy sejam desenvolvidos de forma combinada, trazendo habilidades adicionais para o primeiro plano.


Além disso, é preciso mudar o hábito histórico no setor de renovar anualmente coleções e estilos de roupas, adotado para descartar as anteriores e faturar novamente. No caso da moda circular, em vez de surgirem novas roupas, os designers têxteis e de moda devem tirar seu foco da estética e do preço final, aplicando-o em novas necessidades do usuário, função circular e duração do produto. #poluição #economiacircular #industriatextil #moda #novosmateriais #zerowaste #holland


Imagem: Helena Jankovičová Kováčová por Pixabay


Paulo Eduardo Nogueira - é jornalista formado Master em Jornalismo, autor do livro "Paulo Francis - Polemista Profissional" e editor do blog da Comunidade da Inovação

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